sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ReVamp - Wild Card

Por Rodrigo P.P.
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É triste o que direi para introduzir essa resenha, mas aí vai: "Ela ter ficado doente foi a melhor coisa que aconteceu na vida dessa mulher." Sim, caros leitores, não incentivo que se fique doente e saiam escrevendo livros e compondo músicas, mas o fato de Floor Jansen ter sofrido um burn out, que nada mais é do que um um esgotamento físico e emocional causado por excesso de trabalho. Caro amigo, eu sofri desse mal tem uns 4 anos, e a nossa gigante de voz potente conseguiu descrever musicalmente de maneira muito clara o que sentimos diante dessa doença. Essa resenha vai ser um tanto que diferente, vou falar da qualidade de cada musica, mas também um pouco do significado de cada musica, conforme dois vídeos feitos pela própria Floor. Bom, falei demais, bora lá!


Começamos o álbum com a poderosa The Anathomy Of a Nervous Breakdown': On The Sideline, a princípio eu eu não curti muito ela, o vocal não aprecia muito bem editado, mas depois de ouvir várias vezes e entender a proposta do álbum, algo mais orgânico, passei a gostar dela, é uma faixa bem progressiva, parece que é meio aos trancos, mas quando chega ao refrão é libertadora, lembramos que os guturais de todas as faixas, com exceção de Misery's no Crime são da própria Floor. A letra fala exatamente do burn out, é uma reflexão do ponto de vista da vida dela, um ponto de reflexão, o quanto você exige perfeição de si mesmo? O quanto você e deixa ser manipulado?



Na sequencia temos The Anathomy Of a Nervous Breakdown': The Limbic System, pode parecer um tanto como 'mais do mesmo' da primeira musica, no entanto não é, sussurros e uma potência dos vocais arrebentam, é uma musica cheia de altos e baixos, participação de vozes auxiliares e duplicadas, guitarras pesadas, é encantador ela cantando de forma agressiva antes do refrão, cantando de maneira mais firme o refrão e terminando de maneira berrante. Com relação à musica, bom, o sistema límbico é responsável pelas emoções e nosso comportamento social, como recebemos elogios e críticas, essa é a região responsável pela maneira que vamos encarar, cada um de nós tem uma maneira de bloqueios e aceitações, mas com o burn out, ou com o sistema nervoso em colapso, isso é mais pesado, ficamos extremamente sensíveis. Acho interessante um trecho da musica em que ela canta: Nervos aberto! / Eles estão me mostrando a verdade pela força. Meu corpo está completamente drenado. / E emoções primitivas pode prosperar. Adeus "controle".

Em seguida vem uma das minhas faixas preferidas, Wild Card.  A guitarra nesse album está bem ritmica e a bateria bem gostosa de se ouvir, mas o que é o foco, a voz da Floor, ela varia demais no meio da musica, o refrão dessa musica é uma variação entre notas leves e mais pesadas. É uma musica de certa forma até provocante, no refrão a bateria fica muito louca! É impossível não bater o pé ou tentar banguear, e na sequencia tem um solo e um coral acompanhando a voz da Floor e o seu gutural retornando ao refrão e terminando com um 'ride' escasso de ar. A letra trata do conceito que criamos quando conhecemos alguém, a primeira impressão é realmente a que fica ou existe algo além da superfície? Designa o fator surpresa, não apenas nos outros mas também em você.

Eis a minha segunda faixa preferida: Precibus. Essa engana, começa com muito peso na guitarra e na bateria, mas logo o lírico impera, sim lírico com direito a piano e coral feminino completando a ultima frase de cada verso e ganhando um peso espetacular no refrão, no mesmo estilo da abertura com os corais. É demais essa mistura, a voz da Floor é muito perfeita, até fazendo um sustenido com vibrato. Em um determinado ponto parece que tudo cai num abismo e temos o gutural da Floor nos lembrando que mudamos quando estamos muito perto de perder tudo. Sobre a letra: Precibus é o climax que antecede a devastação ou destruição. A necessidade de mudar antes que algo termine em tragédia, a musica fala muito sobre hábitos, aprender com o ontem por mais amargo que ele seja  enfim, é uma mega lição para mudar muita coisa quando a vida nos apresenta avisos.

Nothing é uma musica que tem uma intro pesada, os versos muito tranquilos, com pequenas participações de guitarras acompanhando e no refrão elas engatam e se unem à voz da Floor com os apoios corais. A letra refere-se a coisas na vida que acontecem e não podemos fazer nada a não ser conviver com elas até que elas passem.

Para encerrar o conceito do album, somos apresentados para The Anathomy Of a Nervous Breakdown': Neurasthenia.   Essa é uma musica agressiva e de peso. Tem os vocais de Devin Townsend, é demais essa musica, ela tem todos os elementos que a torna um grande espetáculo, ela tem uma batida rápida, diálogos tragédia, notas altissimas... Te leva de um extremo ao outro. Essa musica representa a conversa entre o bem e o mal na sua mente... Em resumo, a sua consciência discutindo sobre uma determinada situação, a combinação das vozes com o peso da musica é simplesmente divino, espero poder ver isso ao vivo.

O album segue com mais uma das minhas favoritas, Distorted Lullabies. Gosto do Wild Card porque ele não é composto com baladinhas românticas, mas com trechos de baladas ganhando peso. Esse é o caso dessa faixa, amo a leveza dela, o piano delicado, a bateria entrando de maneira nada sutil, ms hamornica e a voz da Floor ganhando força conforme as mids tocam, e engatam num refrão carregado com guitarras e retorna à paz de maneria que cada instrumento mentém a sua presença.No meio dela a guitarra vai para segundo plano, um coral maravilhoso invade a cena com uma orquestração divina e todos voltam no mesmo plano, de maneira progressiva. É emocionante, como se subisse numa montanha, e lá de cima visse todo o plano e apreciasse todo aquele momento. É a sensação... Não tem como explicar de outra forma. Essa musica pede um clipe. Apenas. A letra fala da conexão entre coisas que realmente são e de como deveriam ser, pensamos, fazemos planos e tudo converge para que se dê de determinada forma, e no final não dá certo. Às vezes temos tanta convicção de algo que esquecemos de ouvir nosso coração gritando.

Amendatory é uma musica interessante, temos uma Floor dramática e agressiva. A musica é carregada de corais. Ela ganha um drama maior no meio dela, quando as coisas acalmam, a voz da Floor ganha uma serenidade e vai se afligindo até ganhar o reforço do coral e as guitarras e um gutural ser liberado nesse interim. Todos nós mudamos, mudanças são necessárias para alcançar nossos objetivos e chegar onde queremos o que requer uma reflexão, pois podemos fazer muitas coisas e podemos ser muita coisa.

Agressiva e barulhenta, foi o que uma amiga disse quando ouviu I Can Become pela primeira vez. Ela alterna entre um ritmo frenético e a tranquilidade, guturais e corais.É uma Floor que fala firme, que está presente nessa musica. Como o título diz, você pode ser qualquer coisa, quando você encontra um solo firme e se estabelece, vem a segurança.

Participação daquele que ela fez questão que soubessem que não é irmão dela e vocalista do Epica, Mark Jansen em Misery's No Crime. Conversando com amigos sobre essa musica, muitos falaram que é tipo 'After Forever se tivesse sido forever e não tivesse acabado', outros dizem que é uma musica perdida do Design Your Universe... EU prefiro focar no ReVamp, mas sei lá, uma coisa puxa a outra. Começa logo com o Mark puxando a musica, com guitarras pesadas. Gosto do refrão dessa musica, e de como ela se desenvolve com a voz limpa da Floor. Em um certo momento a música se acalma e Floor fala daquilo que é apenas dela, é uma parte fantástica, uma musica poderosa, digo isso. Mais uma letra interessante... é tipo: SOFRER FAZ PARTE, VOCÊ VAI SE TORNAR MAIS FORTE, NÃO SEJA AUTO PIEDOSO!

Nos cds da versão 'normal', acaba com a faixa Wolf And Dog, a voz limpa da Floor, linda e muito linda, ganha força com o coral no bridge que te prepara para o ápice, a voz mais carregada da nossa vocalista gigante. É uma musica gostosa de se ouvir, chega a ser enjoativa algumas vezes. Mas querendo ou não, você espera por ela, toda vez que você ouve o álbum após Misery's. A letra é bem interessante: seja um lobo no trabalho e um cão em sua vida particular. Alimente os dois e engorde os dois. É fantástica a interpretação dessa música, procurar o equilíbrio entre as atividades.

Como bônus, temos SINS. Ela tem as guitarras da primeira musica, mista com o ritmo da ultima musica, essa eu SIMPLESMENTE AMO E NÃO CONSIGO FICAR SEM OUVIR, a letra leva muito à reflexão e um dos pontos altos dessa musica é a Floor declamando uma reflexão muito interessante. Não sei, às vezes acho que só eu penso no que determinadas musicas foram moldadas para sair da maneira que saíram e carregar a mensagem que carregam e que de certa forma consegue levar para a vida pessoal muito do que é dito nas letras. Essa musica foi apresentada no dia 12 de Janeiro de 2012, qunado o ReVamp se apresentou junto com o Epica no Metropool Hengelo. Pecados, essa musica trata de como alguns pecados se tornaram tão adaptáveis a nossa vida... Mas será que eles deixaram de ser pecados? 


Finalmente, chegamos ao fim com Infringe, a última musica bonus. É mais uma daquelas que divide opiniões... uns ficam com a tese de que se o After não tivesse acabado, eles seguiriam por esse ramo. outros falam que segue a linha do Epica... É uma musica menos orgânica, os niveis da voz da Floor estão bem editados e o som está também na mesma linha. A musica fala de quando as amizades parte começam a virar um combate.

Wild Card é um album muito difícil de se resenhar, ele não segue apenas uma linha em que você possa falar que ele segue. Ele é muito cheio de altos e baixos, que se dividem em altos e baixos dentro das musicas. Como eu disse, não existe uma musica que seja totalmente balada, existem trechos de uma balada espalhados em algumas musicas, a instrumentação dele achei um tanto que curiosa, notem que não são os instrumentos que dão o ritmo à musica e sim a voz da Floor, como ocorre em Serenade of Self-Destruction, especialmente no refrão, se pegarem a versão sem as vozes, perceberão que a voz da Simone que dita o ritmo da musica, enquanto os instrumentos seguem outro. Vale muito a pena ouvir, eu já estou há uma semana ouvindo esse album sem parar, o Last.fm tá pirando. Diferente do seu antecessor, o auto intitulado ReVamp, esse album tem mais da personalidade da vocalista e suas experiências quando enfrentou o burn out, ai digo novamente: "Ela ter ficado doente, foi a melhor coisa que lhe ocorreu".

2 comentários:

  1. Curti muito sua resenha, pois adaptou o significado das letras a sua experiência pessoal. Estou curtindo muito o álbum pelo som e agora vou prestar mais atenção às letras pra entender todos os pontos citados. Valeu!

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  2. Obrigado Marcus, pelo comentário e por acessar nosso Blog. Realmente o álbum está espetácular. É complexo entender as letras pelo ponto de vista dela, mas as letras estão recheadas de significados.

    Nós que agradecemos o acesso e um forte abraço.

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